Na semana passada, viralizou no Whatsapp um vídeo no qual um narrador não identificado comenta que cinquenta carros elétricos haviam chegado em Porto Alegre. Trinta deles já estariam disponíveis para compartilhamento via aplicativo. Será verdade? fui conferir de perto.
Assim que recebi o vídeo (na verdade mais de cinco amigos me encaminharam num intervalo de poucos minutos) achei estranha as informações. Fui atrás da notícia e pude apurar que a grande parte das mensagens do vídeo eram fake news. Porto Alegre não recebeu cinquenta carros elétricos para compartilhamento via aplicativo. Esse é o fato concreto confirmado por várias das fontes ouvidas, entre elas o proprietário do veículo, o Engenheiro Mecânico César Bressiani.
No entanto, uma fonte do mercado, que não quis ter seu nome divulgado, deixou escapar que uma outra empresa irá desembarcar 1.000 carros para compartilhamento nas ruas da capital gaúcha. O lançamento do serviço deverá ser feito ainda neste mês. Aguardemos, pois.
Porto Alegre já teve outros projetos de compartilhamento de veículos no passado. Em 2014 o pessoal da MVM Technologies chegou instalar um eletroposto no Shopping Total e tinha a intenção de importar 20 carros para serem colocados à disposição dos alunos e professores da UFRGS para a singela travessia de um campus ao outro. Entre idas e vindas, o projeto ainda não deslanchou. Entre 2015 e 2017, representantes da gigante chinesa BYD estiveram zanzando pela região metropolitana de Porto Alegre prospectando mercado para seus ônibus e carros elétricos. Em uma das ocasiões, deixaram alguns modelos e6 aos cuidados da EPTC para testes com o intuito de promover o compartilhamento veicular. Também não decolou. De fato, a prefeitura de Porto Alegre, por meio da EPTC, publicou em 2017 um edital para a concessão do serviço de compartilhamento de veículos aberto à empresas privadas. Resultou que ninguém se interessou.
O carro que aparece no vídeo que viralizou é do modelo e.coTech2. Ele é fabricado na China e distribuído no Brasil pela Hitech Electric, que fica localizada em Pinhais, no Paraná. A empresa não só monta os carros mas também tem investido no desenvolvimento de em add-ons. Inclusive, já foi anunciado o projeto do primeiro carro autônomo do Brasil, desenvovido em parceria com Positivo Tecnologia.
A autonomia do e.coTech2 é de 100 quilômetros, podendo ser expandida até 250km. As baterias podem ser recarregadas em tomadas comuns. Seis horas são suficientes para completar a recarga. Avida útil de 70 mil km para as baterias de gel e 180 mil km para a versão equipada com baterias de lítio. A velocidade máxima, limitada pelo fabricante, é de 60km/h. É importante ressaltar que a Hitech Electric foi a primeira do Brasil a conseguir homologação de pequenos veículos elétricos junto ao Denatran. Para lograr êxito, o modelo e.coTech2 foi catalogado não como carro, mas como quadricíclo. A vantagem é que o processo de homologação é simplificado (não necessita de crash testing, por exemplo) e garante isenção de IPVA. Mas, como nem tudo são flores, o carrinho de dois lugares só pode trafegar em perímetro urbano. Se arriscar encarar uma estrada, é multa e guincho na certa. A carta de habilitação requerida para guiar um destes é a da categoria B, a mesma dos carros convencionais.
Eu já havia experimentado outros carros elétricos antes, mas foi a primeira vez que guiei por ruas e avenidas. Nas vezes anteriores, testei o Zoe e o Twizzy da Renault, além do BYD e6 e algumas motos elétricas no interior de uma feira. Testei também um concorrente do e.coTech2, o Li, da startup catarinense Mobilis. Minha impressão ao guiar o carrinho (me recuso a chamar de quadriciclo) foi das melhores. Apesar do tamanho diminuto, o interior comporta duas pessoas com folga. Os bancos de courino são confortáveis. O ar condicionado funciona muito bem. Por ter um entre-eixos curto, o carro sacode mais do que o de costume. O torque imediato do motor é sentido na aceleração rápida, que garante agilidade no trânsito e permite andar de igual para igual com carros maiores, mesmo tendo uma velocidade máxima de apenas 60km/h. Em resumo, é um carro bem projetado.
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